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Para economista-chefe do Itaú, incerteza política continua bastante elevada

Questionado se os fatos mais recentes da política, como a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pioram a incerteza política, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita afirmou que a "tônica" é que a incerteza se mantém elevada, sem relacionar diretamente à prisão de Lula. 

Ainda assim, ele avalia que não deve ter acabado por completo a fase de otimismo do mercado porque o cenário mundial segue favorável, o que induz a uma continuidade da percepção positiva. "Com esse pano de fundo, o mercado pode voltar a se animar. Mas ignorar a incerteza que existe sobre a continuidade a política econômica, isso está passando", disse.

Para Mesquita, o impacto da incerteza sobre a atividade econômica é que ela desestimula a toma de decisões de "difícil reversibilidade", podendo retardar investimentos. "A incerteza tende a ter efeito negativo para certos tipos de decisão de gasto, o que atua de forma negativa sobre a atividade econômica", afirmou.


Mas o Itaú mantém inalterada sua projeção para o PIB em 2018 em 3%. "Já considerávamos essa incerteza nas nossas projeções e, por outro lado, há os efeitos da política monetária, com até mais estímulo do que contávamos na virada do ano", disse. Segundo ele, o banco vai esperar os dados de atividade de março para rever, se for o caso, o PIB do primeiro trimestre e do ano.

Ainda com relação às eleições, Mesquita avalia que a novidade este ano é não haver um favorito natural, como foi Dilma Rousseff na eleição passada. "Quando há um presidente concorrendo à reeleição, ele tende a ser favorito, por conta disso, o campo de candidatos tende a ser mais limitado. Essa eleição, sem favorito natural e com muitos candidatos, tende a ser mais incerta", afirmou.

Nesse cenário, o novo presidente pode ser eleito sem ter o voto da maioria, devido aos brancos, nulos e abstenções. No entanto, historicamente, todos os governos começaram com maioria no Congresso desde o fim do regime militar, destacou Mesquita. "A questão é como o futuro governo vai lidar com isso, quais serão as prioridades. Acredito que a reforma da Previdência deve estar no topo da lista", sugeriu.

Na visão de Mesquita, a maioria dos candidatos concorda quanto à necessidade de ajuste fiscal, o debate é se será feito mais na ponta das despesas ou receitas, se será mais gradativo ou não, além do papel da reforma da Previdência no desenho geral de ajuste. "Espero que na campanha a gente aprenda o que pensam os candidatos sobre esses temas", disse.


Fonte:Valor Econômico 

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