São
Paulo – A Associação dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do
Brasil (Anfip) e entidades estaduais estão debatendo estratégias de
uma atuação conjunta no Congresso Nacional sobre pontos da Reforma
da Previdência que podem ser objeto de emendas supressivas na
votação do segundo turno na Câmara, em agosto. Na terça-feira
(16), por exemplo, a Anfip se reuniu com representantes da Federação
dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio Grande
do Sul (Fetapergs) para discutir propostas. Também participaram da
reunião Leonita Carvalho, do gabinete do senador Paulo Paim, e
Mirian Comandulli, da Associação Gaúcha de Auditores Fiscais da
Receita Federal.
Segundo
Vilson Antônio Romero, assessor de Estudos Socioeconômicos da
Anfip, no início da próxima semana estarão elencados os pontos do
regime geral da Previdência e dos servidores públicos para a
consolidação das emendas que serão levadas a debate na Câmara dos
Deputados, para a votação em segundo turno. “A intenção é
desenvolver trabalho de convencimento tanto nos estados como no
Congresso Nacional, a partir de 5 de agosto, para que as emendas
sejam apresentadas”, diz Romero.
Segundo
ele, entre os pontos que podem ser viáveis, em termo de
convencimento de deputados, estão as alíquotas de recolhimento, que
podem chegar a 14% para trabalhadores do setor privado e 22% no caso
dos servidores. “Outro ponto cruel é que o trabalhador não terá
condições de cumprir 40 anos de contribuição para fazer jus a
100% de uma média que começa desde quando começou a trabalhar”,
exemplifica.
A
fórmula de cálculo sobre todo o período de contribuição e também
a pensão por morte (que possibilita benefício inferior ao salário
mínimo em até 60%) são outras questões que ele considera
passíveis de sensibilizar parlamentares.
“É
preciso embasar as emendas supressivas, até porque no segundo turno
não pode ter discussão de mérito. Ou se apresentam emendas para
suprimir partes do texto aprovado, ou efetivamente a matéria vai
direto ao Senado como está.”
A
ofensiva para promover mudanças na PEC na Câmara é estratégica. A
própria oposição no Congresso considera que, uma vez aprovada na
Câmara, as
chances de mudança no Senado são muito pequenas.
“O governo está se organizando e fazendo chantagem com liberação
de verbas, para blindar o texto no Senado, de maneira que a única
coisa que resulte em mudança seja uma proposta de emenda
constitucional paralela, para incluir estados e municípios no novo
regime.”
O
assessor da Anfip afirma ver com “muita preocupação” o conjunto
de mudanças, tanto do ponto de vista do trabalhador como da economia
do país. “Se não houver uma mobilização muito forte dos
movimento sociais, dos trabalhadores da iniciativa privada, dos
servidores, das centrais sindicais, com esclarecimentos à população
sobre os impactos da reforma, tudo isso vai impactar na economia.”
Segundo
avaliação dos auditores, a classe média vai pagar boa parte
da conta da reforma e os pequenos e médios municípios vão perder
arrecadação. “Ao invés de promover o desenvolvimento, vamos
promover a miserabilidade do povo brasileiro.”
Fonte: Rede Brasil Atual
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