Enquanto
o mercado aposta em uma baixa expansão da economia brasileira neste
ano, a equipe econômica estima que a liberação de saques do
PIS/Pasep e de contas ativas e inativas do Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS)
levará ao crescimento adicional de 0,35 ponto porcentual no Produto
Interno Bruto (PIB) em 12 meses.
A
projeção oficial do governo para o crescimento do PIB neste ano é
de apenas 0,81%, e a equipe econômica acredita que a aprovação da
reforma da Previdência pelo Congresso Nacional possa melhorar um
pouco esse resultado.
Em
evento de lançamento do programa “Saque Certo” no Palácio do
Planalto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a medida e
considerou que as mudanças no FGTS não representam um “voo de
galinha” para a economia – jargão usado pelos economistas para
classificar momentos de expansão da atividade que não se sustentam
no médio e longo prazos.
O
próprio Guedes disse, no início de junho, que liberar o dinheiro
do FGTS antes da reforma da Previdência seria “voo de galinha”.
“Não adianta dar esse estímulo antes da reforma. A economia está
parada no fundo do poço, não está afundando mais, mas, para subir,
só com reformas”, afirmou, em sessão na Comissão de Finanças e
Tributação da Câmara dos Deputados. A reforma da Previdência
ainda precisa ser votada no segundo turno na Câmara, antes de seguir
para o Senado, onde é analisada em duas votações.
Nas
contas do ministério, as mudanças no FGTS anunciadas ontem – com
a criação do saque aniversário – poderiam criar 2,9 milhões de
empregos formais em dez anos e elevar o PIB per capita em 2,6 p.p. no
período, ou cerca de R$ 850 bilhões.
A intenção do governo era divulgar a liberação do FGTS na semana
passada, em meio à solenidade de 200 dias de Jair Bolsonaro no
poder. No entanto, o anúncio foi adiado após pressão do setor da
construção civil. Isso porque parte do dinheiro do FGTS é usado para financiar linhas de crédito nas áreas de habitação,
saneamento e infraestrutura.
Após
o Estadão/Broadcast revelar que o plano da equipe econômica era
liberar até 35% das contas ativas e inativas, o setor fez forte
lobby – e contou com apoio do ministro-chefe da Casa Civil Onyx
Lorenzoni.
Na
quarta-feira, 24, o presidente da Associação Brasileira de
Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, afirmou que o
governo fez uma “calibragem” no programa para não prejudicar os
financiamentos imobiliários a juros mais baixos. “O setor de
habitação não vai sofrer”, disse.
“O
governo garantiu que não vai haver impacto para a construção civil
e é claro que colocar R$ 40 bilhões na economia melhora o País.
Não havendo impacto nos investimentos, está de bom tamanho”,
disse José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção (Cbic).
Na
semana passada, Martins disse que, se uma torneira fosse aberta
(liberação para os trabalhadores), seria preciso “fechar a
torneira ou por mais água” para não secar o volume. Ele
considerou que o limite de R$ 500 vai fazer com que os recursos para
os financiamentos sejam preservados. Sobre o saque aniversário,
Martins disse acreditar que a liberação por meio dessa opção será
em volume parecido às retiradas por demissão sem justa causa.
Fonte: Exame
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